(Às vítimas inocentes da camuflada e vergonhosa guerra civil do Rio de Janeiro)
Caminham nas estradas sem rumo,
coadjuvantes vidas.
Entre ciladas amargas
nos palcos sombrios encenam a lida,
que destacam na cicatriz a lembrança da ferida.
Peregrina o morador
dos morros, pontes e ruas.
Isolam tempestades infectadas
na carne mórbida, fria e nua.
Doentes da ganância pela fome do dinheiro,
a dignidade lamenta seus filhos e o orgulho enfeita bueiros!
O poder degenera-se...
Na ausência do governo a miséria cria suas leis.
Segue em disfarces a justiça armada.
Mães choram dentro de ambulâncias
e o ódio transforma inocentes em vítimas.
Tiros despertam a vingança...
balas perdidas arrancam dos olhos carentes
o último dó da esperança!
A dor dá seu ultimato.
O sangue escorre...
A vida apresenta seu último ato.
Um estranho olha a morte...
Observa em sigilo o pobre peregrino.
Nasce com seu 'destino' traçado
e desenha em compassos discriminados riscados,
às margens da sociedade
coadjuvantes suspiram lamentos.
Heróis anônimos surgem das lágrimas,
resistem ao vento...
e na contramão da vida continuam sobrevivendo!
Janaína da Cunha
Novembro/2006