16 de junho de 2011

CANTO



Canto promessas insanas ao vento 
sem saber onde vão cair.
Canto dores sombrias, almas sem rostos e sentimentos que nunca senti.

Canto no canto do silêncio de quem não tem voz
infinitas palavras para quem não deseja ouvir.

Canto nos quatro cantos
o canto melancólico dos desgraçados,
as faces camufladas dos preconceitos
e a maldade escondida atrás das máscaras.

Ignoro a todo instante os apelos vãos
de quem clama por minha sensatez
e me rebelo contra a imagem 
distorcida que vejo diante do espelho.

Quem sou eu?
Quem são vocês?

Não concordo com o canto de quem se engana
que a destruição do mundo 
é culpa dos canalhas e corruptos.

Mentira... mentira!

A culpa é da omissão de quem se cega,
da surdez de quem finge não escutar
e da boca covarde que se cala 
diante da indignação.

Levanto minha voz de mulher
contra a hipocrisia e o comodismo 
dos que me cercam e canto!
Sim... eu me atrevo e canto!

Canto as lágrimas dos inocentes,
a angústia da mãe que reza
e o pai que volta para a casa de mãos vazias.

Canto a fome dos miseráveis,
os pesadelos de quem dorme na impunidade
e os demônios deitados em camas ricas 
de uma consciência sem lei.

Eu canto mesmo sem saber cantar
porque a pimenta que arde na sua língua
é a poesia que queima em mim!

Janaína da Cunha
17/05/2011

Fotos conseguidas na net

2 comentários:

Jota Brasil disse...

E eu canto em coro com seu canto. Nesse canto eu faço coro, toco guitarra, bateria, baixo, teclado sozinho...

Janaína da Cunha disse...

rsrsrs...
Tenho certeza disso meu irmão.
Você... o eterno Poeta da Rebeldia!
Sinto falta de seus versos.
Obrigada por estar sempre aqui dando uma forcinha.
Te adoro... beijos doces!