11 de abril de 2011

CRUCIFIXO NEGRO


(para uma família de indigentes em Niterói)

Selaram a mentira com um beijo;
crucificaram o amor no medo.
E os sonhos?
Perderam-se no caminho.

O dia escureceu,
a noite perdeu a esperança.

As águas se esconderam na Guanabara.
Pelas ruas o sangue negro chora...
Vozes famintas cantam preces
na lembrança dos antepassados.

A Avenida Amaral Peixoto
bebe sua bebida amarga,
ardente...
Entorpece a dor que ri lasciva,
latente.

A indiferença enfeita a Avenida.

A vida lamenta, finge...
encena sombras esquecidas
na cruz negra erguida sob a escuridão do dia.

Janaína da Cunha
Setembro/2002

Foto conseguida na net

2 comentários:

Romulo Narducci disse...

Denso, verdadeiro e ríspido... como a própria vida. Evoé, linda poeta! Parabéns pelo poema que exprime a realidade!

Janaína da Cunha disse...

Obrigada pelas palavras poeta.
Vindo de vc é uma honra.
Evoé!