21 de outubro de 2011

SANTOS E PROFANOS


O relógio bate meia-noite,
sinto sua presença intensa em mim.
Quando vejo sua imagem
me ajoelho em veneração.
Deixo meus lábios tocarem sua santidade
em uma profana oração.

Quando me abre seus braços,
como asas de um anjo caído,
sinto-me em casa.
A cama se revela um altar
e ouço o coro celestial.
Fecho meus olhos
e deixo suas mãos me guiarem
como uma menina em sua primeira comunhão.

Santos e profanos...
um homem e uma mulher
num mistério em quatro paredes
onde nada é proibido e tudo é concebível!

Que Deus me ajude...
o véu do templo foi rasgado!
Como boa devota, me ajoelho
novamente em promessa
e perco-me nas preces ao meu santo pagão.

Estava perdida e você me encontrou.
Revelou-me o diagrama dos antepassados,
despertou a fêmea adormecida,
salvou minha sede e matou minha fome!
Salve meu santo pagão!

Quando me abre seus braços
não me sinto mais sozinha.
Sou uma Joana D'Arc desvirginada
entregando-se em sacrifício
ao fogo que arde em seu olhar.
Como uma pobre mártir me queimo toda!
Morro e renasço numa cruz de carne.

Que Deus me ajude...
o véu do templo foi rasgado!
Em sinal de respeito
seguro sua vela firme entre meus seios.
Fecho meus olhos e com muita fé
sigo sua voz que ilumina a escuridão.

Santos e profanos...
um homem e uma mulher
desvendando doces mistérios
em fervorosa devoção!
Salve, salve, salve... Ó santo pagão!

Janaína da Cunha
21/10/2011



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