28 de dezembro de 2011

O VÔO DA ÁGUIA BOÊMIA


Minha alma é águia boêmia...
voa alto sem dimensões explicáveis
e medo de onde vai chegar.
Minha alma é a noite onde cruzam
as esquinas do coração.
É morada das estrelas mais brilhantes,
a luz do meio-dia e a melancolia da solidão.
Minha alma é viajante...
manhã de campos floridos
e amores indefinidos.
É fome insaciável de vida,
sede interminável de justiça
e o dedo que cutuca as feridas!
Minha alma é morada de sentimentos
além do bem e do mal.
É chama ardente,
sopro de rebeldia, água cristalina
e vento que se transforma em vendaval!
Ela é um mar febril e selvagem
onde navega desejos e paixões fugazes.
Minha alma é um grito mudo,
a voz do silêncio.
É a santa que reza e a puta que peca!
Minha alma é mãe, amante, filha
e os acordes inacabados de uma sinfonia.
Ela é cruel e bondosa, fútil e sutil,
é iluminada e sombria,
doce e amarga... ácida e gentil!
Minha alma, em sua essência,
é mentira e verdade...
É um porão de pesadelos obscuros
e sonhos inalcançáveis.
Minha alma é imperfeita...
mas luta para alcançar a perfeição.
É águia boêmia que atravessa
horizontes elusivos
em busca do desconhecido.
Desliza solitária num céu embriagado
entre derrotas e vitórias.
Minha alma voa, voa... mas voa tão alto
que perde-se no infinito.
Mas, não importa...
não importa nada como ela esteja:
ferida e cansada, feliz e realizada
ela sempre encontra o caminho
de volta pra casa!

Janaína da Cunha
28/12/2011