30 de janeiro de 2012

FRUTOS ESQUECIDOS


Sou raiz do horizonte mais lindo do mundo.
Eterno verão de primas chamadas veras,
país de poucos amores e muitos "raimundos".
Pátria de origem sofrida,
de tantos sem terras e outros sem rumo.
Minha pátria tropical, tão amada,
e nem sempre tão gentil!
Seus filhos dormem nas calçadas consolados
pelo céu de cor anil.
Seus velhos choram a fome,
suas crianças cheiram cola nas esquinas do Brasil.
A violência de norte a sul se espalha.
Roubam nossos sonhos, iludem a dignidade,
abortam prematuramente a esperança
e nos alimentam de migalhas.
Diria isso o pobre índio pataxó.
Ontem, guerreiro; hoje, fruto esquecido,
vítima da maldade sem dó.
Descansava nas ruas de Brasília, fatigado,
indefeso, não conseguiu lutar contra o fogo vil.
Deixou seu país emocionado,
por ser fruto mal-amado desta terra varonil.
Em consequência, sua mãe chora a dor da impunidade.
O filho deste sono não mais acordará,
vítima do orgulho e da crueldade
ninguém aos seus braços de mãe o devolverá.
Ah, clama a sociedade:
"Quando a verdadeira justiça se fará?!"

Janaína da Cunha
Março/ 1998

22 de janeiro de 2012

SOU BEAUTY... SOU LIFE


Roubei do arco-íris as cores
e da música, a poesia, só para te seduzir.

Caminhei entre olhares cegos
e dissertei palavras sem juízo
apenas para mergulhar de corpo e alma
na inspiração de um sonho.

Sou beauty... sou life!

Abro a bolsa e pego meu espelho.
Passo batom para realçar o beijo 
que quero te dar.
Nos olhos uso uma sombra da cor do desejo
e cubro meu corpo nu 
com a fragrância das flores,
só para te conquistar...

Não subestime a força de uma mulher
e nem pense que lágrimas 
são um sinal de fraqueza.
Isso é um terrível engano!

Os nobres exprimem sentimentos
e reconhecem seus erros
enquanto os fracos
passam suas vidas 
num grande baile de máscaras.

Uso maquiagem no meu rosto, 
mas não em minha alma.
Sou beauty... sou life... sou MULHER!

Janaína da Cunha
11/07/2009

20 de janeiro de 2012

SANTIDADE PROFANA


Selvagem...
profana santidade,
ingênua malícia crescente.
Diminui a razão,
cresce o desejo
e a língua mente.
Nos olhos, a busca;
na boca, promessas mudas.
A cama desenha apelos,
corpo a corpo, 
a pele desnuda.
Lençóis insanos voam pelo chão.
Braços, pernas, mãos...
impaciente, volúvel sedução!
A hora para no tempo, 
o espaço abraça o infinito.
A carne come o santo
e o gozo, os sentidos.
Entre as pernas, segredos:
tabernáculo do prazer.
Labareda de suores e gemidos,
cachoeira de erotismo,
explosão do querer!


Janaína da Cunha

Julho/2003