27 de agosto de 2012

O VERMELHO DA ROSA


Eu vejo a rosa vermelha 
que sangra emoções.
Ela me vê.
Deixo a dor presa em seus espinhos
e calço meus pés na suavidade
de suas pétalas.
A poeta sofre... a mulher mais ainda!
A poeta se alimenta da dor,
mas a mulher que há em mim
não se permite sofrer.
Não mais... nunca mais!

Janaína da Cunha
27/o8/2012

21 de agosto de 2012

VERDADES


(inspirado na minha amiga Wanda Monteiro)

Cansei.
Não quero mais viver mentiras.
Mentiras ricas de grinaldas e cetim.
Não quero estar coberta de vidros
na ilusão que são diamantes.

Quero verdades sinceras,
sentir a dor de um espinho 
e me encantar com a beleza da rosa.
Perder o fôlego num beijo louco
e entregar meus desejos de fêmea 
no breu misterioso da paixão.

Quero verdades intensas, singelas,
discretas, escandalosas,
santas... pecadoras,
bonitas e feias.
Quero a verdade mais verdadeira!

Dançar descalça acompanhada da chuva,
deitar no chão molhado 
e me embriagar de vida!

Para quê cobiçar a lua
se o céu inteiro me espera?

Janaína da Cunha
22/08/2012




8 de agosto de 2012

MERGULHO



Mergulho
em águas bravias
de misteriosas incertezas.

Mergulho
de olhos vendados,
descobertos...
fechados, abertos...
mergulho.

Banho o corpo dos meus versos
no magnetismo refletido
em outro olhar.
A imagem do verbo
no espelho das águas ocular
atrevidamente me chama...
e eu vou!

Poeta:
misto de benção e maldição!

Por que amamos com tanta intensidade...
com tanta entrega?
Por que nos deixamos levar em ondas de delírios que vem e vão...
que vão e vem...
vem e vão em vão... ou não?!

Porque essa necessidade louca,
quase mórbida,
de ser, sentir...?
Se amar é sofrer...
então, me sinto viva na dor?
Eu quero é ser feliz!

Mergulho em sinônimos
antônimos
antagônicos plurais.

Perco o fôlego, quase morro...
Reavivo no boca-à-boca da vida,
retorno e me corto entre corais...
Sobrevivo.
Insisto!
E novamente mergulho!
Sim... eu mergulho.

A alma de um homem
é o meu Oceano!

Janaína da Cunha
05/08/2012

5 de agosto de 2012

CORPO NU



                         Encontrei o corpo nu
de meus versos
deitado imoral
no berço das inspirações.

Encontrei o corpo nu
de meus versos
incógnito
disfarçado no sujeito oculto das orações.

Encontrei o corpo nu
de meus versos
nas rimas desencontradas
nas palavras soltas
simbióticas
a bailar no céu da boca.

Encontrei o corpo nu
de meus versos
desesperado
louco para ser encontrado
revelado
numa masturbação visceral
explodindo em orgasmo do Ser
prazer de Ser
o Ser...
VERBO!

Janaína da Cunha
05/08/2012